Raúl Ferrão |
Un dels fados tradicionals potser menys escoltat i menys gravat, amb una peculiaritat que consisteix a tenir "refrão", "tornada", "estribillo" -gens habitual en els fados tradicionals- al menys els poemes que he pogut trobar i escoltar, com aquest que presentem com a mostra, cantat per la "Bia", Dona Beatriz de Conceição.
L'autor, Raúl Ferrão, nascut a finals del XIX, era militar de professió, alhora que músic, autor de músiques per cinema però també de fados com Velha Tendinha o Rosa enjeitada, entre d'altres.
Balada das mãos ausentes
João Dias / Raúl Ferrão *fado alcântara*
Este poema, quisera que fosse grito
Para lá do infinito, além do tempo
Que o próprio vento o levasse em seu rumor
Como mensagem de amor, este poema
Que minha voz fosse a voz da própria terra
Ecoando de serra em serra gritos de paz
Gestos de pão sagrados são, gestos de amor
Por cada um nasce uma flor em cada mão
Semi-deuses conquistam a lua
Outros planetas, todo o universo
E na terra, tu, criança nua
Que triste vegetas sem pão e sem berço
E às mãos que trocaram arados
Por gestos sagrados de redes e remos
Por gestos de morte, blasfemo
Gritarei no meu fado... o herói está errado
Quisera ser a força do mar revolto
Neste grito que ora solto em alta voz
E que esse canto fosse a voz de todos vós
O pranto do vosso pranto, qusera ser
Para dizer; mão sublimes, mãos ausentes
Na distância das sementes, voltem à terra
Ela vos quer de novo no seio sagrado
Pois há lamentos de prado na voz da terra.
Letra extreta do blog fadosdofado