Alfredo Duarte, fadista e marceneiro! |
A casa de Mariquinhas és un fado escrit pel poeta Silva Tavares que va ser un èxit del mestre Alfredo Marceneiro, probablement entre els anys 50 i 60 del segle passat.
Silva Tavares s'inspirà en la vida nocturna de la Lisboa d'aquella època i crea un personatge -a Mariquinhas- i una casa on es veu, es canta fado, i s'exerceix la prostitució. En aquells temps a Portugal i també a casa nostra, aquestes cases eren tolerades, molt probablement pel fet de tenir bons "padrins".
Havien de complir, això si, unes normes, com ara estar situades en carrers apartats i poc transitats, no fer-ne ostentació, ni cridar posibles clients a traves de les finestres, que havien d'estar ben tancades i amb cortinatges ben tupids. En definitiva, havien de ser discretes. Era el divertiment dels pobres, no tenien una sala amb un piano com als salons de l'alta societat, sinó guitarra; la decoració era simple, pobra, amb quadres de mal gust... Res del que hi há a la casa té gaire valor.
Alfredo Marceneiro fent valer la seva professió d'ebenista, va recrear a escala 1/10 aquesta famosa casa, a més de cantar el poema magistralament.
Reprodução do alçado traseiro da "Casa da Mariquinhas", permitindo ver o seu interior. (foto José Pessoa, arquivo Nacional de Fotografia) |
A casa da Mariquinhas
Silva Tavares / PopularÉ numa rua bizarra
A casa da Mariquinhas
Tem na sala uma guitarra
Janelas com tabuinhas
Vive com muitas amigas / Aquela de quem vos falo
E não há maior regalo / Que vida de raparigas;
É doida pelas cantigas / Como no campo a cigarra
Se canta o fado à guitarra / De comovida até chora
A casa alegre onde mora / É numa rua bizarra
Para se tornar notada / Usa coisas esquisitas
Muitas rendas, muitas fitas / Lenços de cor variada;
Pretendida, desejada / Altiva como as rainhas
Ri das muitas, coitadinhas / Que a censuram rudemente
Por verem cheia de gente / A casa da Mariquinhas
É de aparência singela / Mas muito mal mobiladaNo fundo não vale nada / O tudo da casa dela;
No vão de cada janela / Sobre coluna, uma jarra
Colchas de chita com barra / Quadros de gosto magano
Em vez de ter um piano / Tem na sala uma guitarra
P'ra guardar o parco espólio / Um cofre forte comprou
E como o gaz acabou / Ilumina-se a petróleo;
Limpa as mobílias com óleo / De amêndoa doce, e mesquinhas
Passam defronte as vizinhas / P'ra ver o que lá se passa
Mas ela tem por pirraça / Janelas com tabuínhas.
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