Alfama
Ary dos Santos / Alain Oulman
Quando Lisboa anoitece como um veleiro sem velas
Alfama toda parece, uma casa sem janelas
Aonde o povo arrefece
É numa água furtada, num espaço roubado à mágoa
Que Alfama fica fechada em quatro paredes d'água
Quatro paredes de pranto, quatro muros de ansiedade
Que à noite fazem o canto que se acende na cidadeFechada em seu desencantoAlfama cheira a saudade
Alfama não cheira a fado, cheira a povo, a solidão
Cheira a silêncio magoado, sabe a tristeza com pãoAlfama não cheira a fado
Mas não tem outra canção.
O nome que tu me davas
João Monge / Armando Machado *fado sta luzia*
O nome que tu me davas
Quando à noite me chamavas
Tinha o dom de uma oração
Não tinha som nem palavras
Mas quando tu me chamavas
Nunca te disse que não
Já o vi escrito na lua
Nas pedras da minha rua / E nas candeias do céu
O nome que tu me davas
Quando em silêncio cantavas / Era mais teu do que meu
Não era dor nem bondade
Amor fado ou saudade / Nem a lágrima perdida
O nome que tu me davas
Quando á noite me chamavas / Era toda a minha vida