dimarts, 29 de juliol del 2014

Maria da Mouraria

Un dels moments més interessants i sorprenents del darrer viatge a Lisboa va ser la visita a la casa de fados que ha nascut al barri da Mouraria, al Largo da Severa nº 2, a la casa on la tradició diu que va viure la mítica fadista "A Severa".


Aquest nou espai fadista, nascut amb la col·laboració de la Câmara
La fadista Carla Arruda, presideix
 un dels carrers del barri
Municipal de Lisboa, el Museu do Fado i fadistes com Helder Moutinho, pretén ser un espai per a tertúlies fadistes, exibició de films, i "fadistices vàries".


La nit que hi vaig anar, en Ricardo Rocha hi tocava, i un fadista -que més tard vaig saber que es diu Francisco- va recitar el Fado
Falado de João Villaret.
Un moment de Fado...

Imperdonable per part meva no haver tingut a punt l'estri per filmar-lo. No l'havia escoltat mai en directe, i em sap greu no tenir aquest moment guardat per poder portar-lo aqui. Només puc dir: Parabéns Francisco.

A canvi d'això deixem aqui aquesta versió de José Raposo que he trobat a la xarxa, i l'original de João Villaret.

És -com diu el propi poema, Uma história bem singela...... El fado ens conta i ens canta històries, i a vegades ens les parla.....

Nelson de Barros / Aníbal Nazaré / A. Barbosa
Repertório de João Vilarett

Fado Triste, fado negro das vielas
Onde a noite quando passa leva mais tempo a passar
Ouve-se a voz, voz inspirada de uma raça
Que mundo fora nos levou pelo azul do mar:
Se o fado se canta e chora, também se pode falar

Mãos doloridas na guitarra que desgarra dor bizarra
Mãos insofridas, mãos plangentes
Mãos frementes, impacientes
Mãos desoladas e sombrias, desgraçadas, doentias
Onde há traição, ciúme e morte, e um coração a bater forte

Uma história bem singela: bairro antigo, uma viela
Um marinheiro gingão e a Emília cigarreira
Que ainda tinha mais virtude que a própria Rosa Maria
Em dia de procissão da Senhora da Saúde

Os beijos que ele lhe dava, trazia-os ele de longe
Trazia-os ele do mar... eram bravios e salgados
E ao regressar à tardinha
O mulherio tagarela de todo o bairro de Alfama
Cochichava em segredinho que os sapatos dele e dela
Dormiam muito juntinhos debaixo da mesma cama

Pela janela da Emília entrava a lua
E a guitarra á esquina de uma rua gemia, dolente a soluçar
E lá em casa:
Mãos amorosas na guitarra que desgarra dor bizarra
Mãos frementes de desejo, impacientes como um beijo
Mãos de fado, de pecado, a guitarra a afagar
Como um corpo de mulher para o despir e para o beijar

Mas um dia:
Mas um dia santo Deus, ele não veio
Ela espera olhando a lua, meu Deus que sofrer aquele
O luar bate nas casas, o luar bate na rua mas não marca
Mas não marca a sombra dele

Procurou como doida e ao voltar da esquina
Viu ele acompanhado com outra ao lado, de braço dado
Gingão, feliz, rufião, um ar fadista e bizarro
Um cravo atrás da orelha
E preso à boca vermelha o que resta de um cigarro

Lume e cinza na viela... ela vê, que homem aquele
O lume no peito dela... a cinza no olhar dele

E pouco a pouco o ciúme chegou
Como lume queimou o seu peito a sangrar
Foi como vento que veio labareda atear, a fogueira aumentar
Foi a visão infernal, a imagem do mal que no bairro surgiu
Foi o amor que jurou, que jurou e mentiu

Correm vertigens num grito direito ao maldito que a há-de perder
Puxa a navalha canalha, não há quem te valha, tu tens de morrer
Há alarido na viela, que mulher aquela, que paixão a sua
E cai um corpo sangrando nas pedras da rua

Mãos carinhosas, generosas que não conhecem o rancor
Mãos que o fado compreendem e entendem sua dor
Mãos que não mentem quando sentem outras mãos para acarinhar
Mãos que brigam, que castigam, mas que sabem perdoar

E pouco a pouco o amor regressou
Como lume queimou essas bocas febris
Foi um amor que voltou e a desgraça trocou para ser mais feliz
Foi uma luz renascida, um sonho, uma vida de novo a surgir
Foi um amor que voltou, que voltou a sorrir

Há gargalhadas no ar e o sol a vibrar, tem gritos de cor
Há alegria na viela, e em cada janela renasce uma flor
Veio o perdão e depois, felizes os dois... lá vão lado a lado
E digam lá se pode ou não falar-se o fado.




dijous, 24 de juliol del 2014

Fados 7

Vaig començar aquesta setena entrega de fados amb una cançó de la Dulce Pontes. Em sonava la música i més tard vaig descobrir que era la mateixa música, amb ritme diferent, del Barco Negro que cantava Amàlia.


Mãe preta és un tema de Piratini i Caco Velho, noms aquests com es coneixien popularment els sambistas António Amabile i Matheus Nunes. Aquest darrer, diuen que es va inspirar en un quadre de casa seva, que representava una mare negra donant el pit a un nen blanc. O sigui una dona negra criant el fill del senyor. Tal vegada una esclava que, segurament, criava el fruit del senyor i la seva esclava....


Al Portugal de l'época (1954) la censura va actuar i va prohibir la cançó, que va gravar la cantadeira Maria de Conceição, que probablement va ser qui va fer actuar la censura, i va ser David Mourão Ferreira qui va escriure el poema Barco Negro que Amália va cantar amb la música de Mãe preta cap a finals dels seixanta.


Les paraules del poema em van atrapar de seguida i van ser motiu per anar darrera de diccionaris per millor comprendre la lletra, que colpeix sobretot en els seus darrers versos:

Pele encarquilhada carapinha branca
Gandôla de renda caindo na anca
Embalando o berço do filho do sinhô
Que há pouco tempo a sinhá ganhou
Era assim que Mãe Preta fazia
criava todo o branco com muita alegria
Porém lá na sanzala o seu pretinho apanhava
Mãe Preta mais uma lágrima enxugava
Mãe Preta, Mãe Preta
Enquanto a chibata batia no seu amor
Mãe Preta embalava o filho branco do sinhô.


diumenge, 20 de juliol del 2014

Barreto, un amic

Quan aterres a Lisboa i esperes aquells moments dins l'avió, que es fan eterns, fas un repàs dels llocs on aniràs a escoltar fado, dels fadistes que tens ganes de retrobar. Esperes amb ànsia matar saudades.

I sempre hi ha un nom que em ve al cap, mai un oblit pel fadista i amic José Manuel Barreto.

Ja vaig dir i escriure aqui que per a mi en Barreto és el que més m'emociona quan canta el fado Santa Luzia. I no només.

En aquest darrer viatge a Lisboa vaig tenir la sort de tornar a veure i sentir a l'amic Zé Manuel Barreto. Com diuen a Portugal: orgulho-me de ter a sua amizade.
Vaig comprar-li a l'Adega dos fadistas el seu segon cd Barreto Fados, que ja tenia, però no pas
dedicat per ell (Vaig pensar: li regalaras l'altre a algú que sabrà apreciar el fado :)

He trobat aquest Pedro Rodrigues amb un bon poema que sé que a ell li agrada. Diu Esta cor é marcante para mim...




Minha cor (Fado Pedro Rodrigues)
Letra.- Manuel de Andrade
Música.- Pedro Rodrigues

Vi-te de um vermelho antigo
trazias a minha cor
meus olhos foram contigo
e alguém disse que era amor.

Cor de sangue avelutado
cor de seda ou de cetim
cor de vinho ou de pecado
foi a cor que viste em mim.

De fadista só me viste
um olhar estranho e sombrio
não era alegre, nem triste
não era vago, nem frio.

Tua voz cor de cantiga
espalhava de mãos cheias
um sabor a raça antiga
que sallta nas minhas veias.

Fosse sede ou fosse amor
que importa, o que foi enfim
trazias a minha cor
nada mais contou para mim.

Amigo Barreto, desejo-te tudo de bom para ti e mando-te desde Barcelona o meu respeito e admiração. Um grande abraço.

dilluns, 14 de juliol del 2014

Un agraïment

Fa uns dies en una trobada al Palau de la Música, els amics i companys del Grupo de leitura de português Neus i Francesc, em van fer l'obsequi que aqui reprodueixo. Es tracta d'una petita col·lecció de segells de fadistes que van comprar per obsequiar-me en un alfarrabista de Lisboa.
Els ho agraeixo molt.
Com vaig escriure en el post anterior, ells i també l'Aina i un amic d'ells del qual lamento no recordar el nom, vam passar una bonica i intensa nit de fados a A Viela do Fado a Alfama, la qual cosa penso que vam gaudir tots i que espero que poguem tornar a repetir.
Molt agraït, amics, pel present, que guardaré al costat dels meus petits tresors relacionats amb el fado.
La Neus que va gravar quasi tota la vetllada, també em va passar tot el material, del qual he triat aquestes Saudades de Júlia Mendes -un clàssic- cantat per la nostra Sandra Correia.
 Muito obrigado amigos....
 Saudades de Júlia Mendes


Us deixo un video de Janelas do Fado de 2009






César d'Oliveira / Rogério Bracinha / Paulo Fonseca / João Nobre


Oh Júlia... trocas a vida p'lo fado
O fado, esse malandro e vadio
Oh Júlia... olha que é tarde, toma cuidado
Leva o teu xaile traçado porque de noite faz frio
Oh Júlia... andas com a noite na alma
Tem calma, ainda te perdes p'ra aí
Oh Júlia... se estás no mundo vencida
Não queiras gostar da vida que ela não gosta de ti

Não chores coração, tu és um tonto sem razão
Viver só por viver não leva a nada
Aceita a decisão que os fados trazem ao nascer
Todos nós temos de viver de hora marcada

Se Deus me deu a voz, que hei-de eu fazer senão cantar
O fado e eu a sós queremos chorar
Eu fujo não sei bem de quê, do mundo ou de ninguém
Talvez de mim, quando oiço alguém dizer-me assim.
Letra tirada do blog fadosdofado 

dijous, 10 de juliol del 2014

Sopant A Viela do Fado

Va ser una bonica coincidència la trobada dels companys Aina, Neus i Francesc a Lisboa, i vam quedar d'anar a sopar a Viela do Fado, on jo sabia que cantava Sandra Correia, de manera que ràpidament vam marcar taula a primera línia...
 A les nou en punt a la rua dos Remédios d'un divendres dia 13, per més detalls: Santo António. Alfama era um demónio.
Va ser una agradable sorpresa trobar a Viela do Fado a Filipe Duarte, fadista habitual da Nini, la casa de fados da rua Manuel de Melo, i també a un vell conegut, el Jorge Morgado, a més de Diogo Rocha, fadista amb bona i clara veu que és copropietari del local.
Va ser una nit agradable que crec que vam disfrutar força, i els amics catalans van viure en directe l'ambient fadista de les nits de Lisboa.
La Neus es va fer un fart de gravar els fados que anaven surgint, i aqui us deixo una mostra, en Filipe Duarte i Oiça lá ó senhor vinho.
  

Oiça lá ó senhor vinho
Alberto Janes


Oiça lá ó senhor vinho, v
ai responder-me, mas com franqueza
Porque é que tira toda a firmeza a quem encontra no seu caminho
Lá por beber um copinho a mais, até pessoas pacatas
Amigo vinho em desalinho, vossa mercê faz andar de gatas

É mau procedimento e há intenção naquilo que faz
Entra-se em desequilíbrio, n
ão há equilíbrio que seja capaz
As leis da física falham e é vertical em qualquer lugar
Oscila sem se deter e deixa de ser perpendicular

Eu já fui, responde o vinho: a folha solta a gritar ao vento
Fui raio de sol sobre o firmamento e trouxe á uva doce carinho
Ainda guardo o calor do sol e assim eu até dou vida
Aumento o valor seja de quem fôr, na boa conta, peso e medida

E só faço mal a quem me julga, ninguém faz pouco de mim
Quem me trata como água, é ofensa!... pago-a!... eu cá sou assim
Vossa mercê tem razão, é ingratidão falar mal do vinho
E a provar o que digo, v
amos meu amigo a mais um copinho.




Jorge Morgado
Sandra Correia

Diogo Rocha, fadista i cuiner


Vamos lá ver se combinamos para outra noitada fadista em Lisboa. Obrigado amigos.